A ELITE // #2
NOTA DA AUTORA: Enquanto na versão final de A Elite America culpa Maxon pelo açoitamento de Marlee, na versão original, havia outros problemas agregados a ele também. Ela [America] estava medicada e seus pertences pessoais tinham sido levados embora. Nós, mais tarde, descobrimos que tudo isso havia sido obra do rei, entretanto, América passa a maior parte do livro enfurecida com Maxon.
Esta cena acontece logo após América falar com Kriss, e eu realmente gostei da forma como ela reconheceu seus erros aqui, mesmo sendo um pouco dramática. Essa cena também mostra um pouco de um guarda que foi cortado do livro, o Oficial Paves. Ele estava tendo seus próprios problemas românticos e os compartilhava com America de vez em quando.
O que foi que eu fiz?
Tudo estava uma bagunça. Por que eu me sentia tão estranha quanto a Maxon e Kriss mesmo sabendo que ele era errado para mim? Eu não devia estar fazendo tudo ao meu alcance para ajudá-la? Elise poderia ser uma boa opção, mesmo que entediante, porém Natalie ou Celeste seriam um desastre no trono. Eu devia estar encorajando isso... Mas eu não conseguia. Eu simplesmente não conseguia.
Poderia eu continuar me preocupando com Maxon depois de tudo o que ele tinha feito? Que tipo de pessoa isso faria de mim? Senti como se de repente eu entendesse as ações de Aspen naquela última vez na casa da árvore. Ele me deixara por culpa de seu orgulho idiota, mas quando você é um Cinco, um Seis, ou um Sete, isso é tudo o que se tem. Ele poderia me deixar e ainda me amar. Era isso o que eu havia feito com Maxon?
Eu não podia deixá-lo ter esse poder sobre mim se fosse apenas pelo bem do meu próprio [poder]. Eu não seria uma garota que se renderia a alguém desse tipo. Ele não podia machucar meus amigos, me dar ordens, pegar minhas coisas e depois não ser responsabilizado por isso.
Ainda.
Talvez seja por isso que tudo com Aspen pareça tão estranho. Quando ele falou sobre casar comigo com tal entusiasmo, assegurando-me de que para ele eu era a única sempre, me senti estranha de alguma forma. Ele havia dito que não poderia se imaginar com mais ninguém... Mas eu já tinha [imaginado]. Imaginara tão claramente que...
Eu me senti culpada. Eu disse a mim mesma que eu permanecia na Seleção por mim mesma, para que eu pudesse fazer a minha própria escolha sobre algo pela primeira vez. A verdade era que eu estava sentada aqui tentando levar meu coração em duas direções e decepcionando todos os envolvidos.
Eu tinha beijado Aspen nos quartos do palácio e o mantive em segredo de Maxon. Eu me preparara para um pedido de casamento de Maxon e deixara Aspen às escuras. Eu tinha feito tudo tão errado.
Concentrei-me em abrandar as minhas lágrimas e com algum esforço, eu o fiz. Limpei meu rosto em meu vestido, me colocando um pouco para cima para que eu pudesse pensar.
Tentei colocar em minha frente tudo o que eu tinha certeza, mas, quando eu procurei através de tudo, o único detalhe que eu sabia verdadeiramente com toda a certeza era que Aspen me amava.
Sabia que Aspen me amava profunda, feroz e inconvenientemente. É o melhor tipo de amor para sentir e quase sempre o mais difícil de dar. E eu o tinha em abundância.
Eu não tinha mais certeza de Maxon. Havia a pessoa que me dava presentes, me mostrava uma paciência infinita e carinho, e em seguida a pessoa que era forte, egoísta e que eu não entendia. Talvez ele fosse uma mistura dessas duas pessoas, mas eu não podia ter certeza. Se ele trabalhara tão duro para ser bom no início, e então esse demônio que estava vindo à tona agora foi, provavelmente, quem ele realmente era, esse monstro não podia mais se esconder. Mas, na verdade, como eu poderia saber?
Eu não conhecia Maxon. Eu sentia como se eu mal conhecesse a mim mesma.
Mas eu conhecia Aspen. Ele era seguro e estável. Se eu lhe pedisse para, ele seria a minha rocha. Ele me protegeria de tudo. Aspen passaria o resto de sua vida provando que me merecia, mesmo se eu lhe dissesse que ele sempre teria sido bom o suficiente. Pareceu-me que talvez fosse o que toda essa conversa sobre um casamento na igreja e uma casa grande era: um caminho, para ele, para provar que eu não perderia nada do que eu estava desistindo, deixando o palácio.
Claro, eu teria que lhe dizer o quão próxima de Maxon eu estava. Ele tinha que ter a chance de me rejeitar, ou eu nunca me sentiria bem com isso.
Então era isso.
Eu conheci Maxon de uma forma grandiosa que certamente deixaria uma boa impressão sobre mim. Da mesma forma que eu não queria deixar Aspen ir quando cheguei ao palácio, seria difícil deixar Maxon pra lá quando eu fosse embora [da Seleção]. E os dois me machucaram em suas próprias maneiras, mas Aspen era claramente a melhor escolha para mim, a escolha mais segura.
Isso era tudo o que eu tinha. Quando Maxon voltasse, eu o abordaria de uma forma totalmente nova. Eu ficaria calma, educada e distante. Eu explicaria que eu estava pronta para ir embora e eu lhe desejaria sorte com Kriss. Se eu fosse gentil, talvez ele parasse de me punir e me deixasse ir. Se não, eu ia apenas continuar com isso, vendo Aspen tão frequentemente quanto possível até que eu estivesse livre deste lugar.
Eu exalei lentamente e fiquei em pé, escovei a sujeira e detritos de meu vestido. Virei-me para o guarda e disse:
— Eu estou pronta para voltar agora. — Então eu entendi por que esse estranho foi tão paciente comigo.
Era o Oficial Paves. Ele se aproximou de mim timidamente, sem querer ser rude.
— Você está bem, senhorita? Não é certo para uma senhora chorar tanto. — Ele parecia genuinamente preocupado comigo. Eu gostaria de ter uma maneira de retribuir sua bondade. Balancei a cabeça.
— Eu estou bem, obrigada. Felizmente, eu não vou precisar chorar daquele jeito de novo.