Cena Deletada #5 de A Seleção traz Maxon e America!
NOTA DA AUTORA: Em uma das edições do Jornal Oficial, America menciona, brincando, o apelido que Maxon gostaria que sua esposa lhe chamasse, porém nunca disse o que era. Isso foi cortado, junto com outras peculiaridades de Maxon. Conforme eu o conhecia mais, e também à sua família, eu percebi que parte disso não aconteceria. Primeiro, sem apelido; segundo, apenas um hobby. Maxon estava sob muita pressão para começar a se concentrar em seu futuro como rei.
— E seus pais? — ele pressionou.
— E os seus pais? — rebati.
— Você conhece meus pais.
— Não. Conheço a imagem pública deles. Como eles são de verdade?
Forcei seus braços para baixo. Uma façanha, já que eram enormes. Mesmo sob as camadas de roupa, dava para sentir seus músculos fortes e retesados. Maxon suspirou, mas percebi que não o tinha irritado nem um pouco. Ele parecia gostar de ter alguém para infernizá-lo. Devia ser triste crescer sem irmãos naquele lugar.
— Minha mãe é muito possivelmente a criatura mais maravilhosa do planeta. Ela é generosa e boa. Eu a admiro de diversas maneiras. Ela é muito eficaz em resolver conflitos e sabe como acalmar o meu pai. Ela é simplesmente uma pessoa muito reconfortante. Sempre tenta fazer com que eu melhore a mim mesmo. Devo muito do que sou a ela.
Não havia como negar a admiração na voz de Maxon. Eu amava meus pais, mas não acho que tinha esse grau de reverência para com qualquer um deles.
— Meu pai é uma máquina de trabalho. Ele realmente se preocupa com o país e quer que ele funcione. Assim, ele passa a maior parte de seu tempo planejando, falando e todas essas coisas. Eu não me lembro da última vez que ele tirou férias e passou um tempo apenas com a minha mãe e comigo. — Ele apertou os olhos como se estivesse olhando para trás, no tempo, tentando encontrar um momento em que apenas três deles existiam.
— Eu sinto muito, Maxon. — Ele sorriu quando eu disse seu nome. Então eu percebi que devia tê-lo chamado de "Vossa Alteza". Opa.
— Está tudo bem. Agora que eu sou crescido o suficiente, passamos mais tempo juntos. Ele está me ensinando, me preparando para liderar. Eu espero não decepcioná-lo. Espero não decepcionar ninguém. — Ele ficou quieto por um momento. — Posso te contar uma coisa?
— O que quiser — disse com sinceridade.
— É um pouco constrangedor. Quer dizer, eu tenho vinte e três anos de idade [na versão final, Maxon tem 19], eu venho me escondendo por toda a minha vida e, de repente, eu tenho que escolher uma esposa e aprender a governar um país muito jovem e instável. É um pouco assustador.
— O que é mais assustador: a esposa ou o trabalho? — perguntei com uma risada. Maxon juntou-se a mim.
— Bem, ao menos eu terei ajuda no comando do país. Tenho que escolher sozinho uma garota. — Ele parecia um pouco frenético em torno de seus olhos.
— Você quer ajuda? Eu passo mais tempo com as meninas do que você.
— Há! Suponho que sim. Claro, então, me diga alguma coisa. Algo que eu possa usar, também.
Olhei em volta para me certificar de que ninguém podia nos ouvir. Havia guardas do lado de fora, agora que estava escuro. Todos pareciam nervosos. Nós estávamos quebrando as regras, ao que me parecia, e isso me fazia feliz. Eles não estavam perto o suficiente para ouvir, se eu sussurrasse, então eu me inclinei no ouvido de Maxon.
Há uma semana, a ideia de estar tão perto dele teria me enfurecido.
— Fique longe de Celeste e Bariel. Elas são lindas, eu sei, mas ambas se preocupam mais com a posição do que com você. Tenha cuidado.
— Celeste? Sério? Ela parece ser tão legal.
— É claro que ela parece. Ela realmente quer parecer. Mas eu a vi conversar com as outras garotas. Confie em mim, ela é pior do que parece. Faz apenas alguns dias, então ela provavelmente está indo muito bem. Mas veneno como esse... Você não pode esconder para sempre.
— Te ofenderia se eu a deixasse ficar? — Ele parecia um pouco nervoso. Com medo de ter que mandá-la embora antes mesmo de conhecê-la mais a fundo.
— Não. Claro que não. É uma decisão muito séria e ninguém deve fazer isso por você. Mas se você perguntar a minha opinião sincera sobre uma das garotas, eu sempre a darei a você. E caberá a você, decidir o que fazer com ela. O problema, Maxon, é que você não pode viver a vida de outras pessoas por elas. E a sua é tão cheia, eu não acho mesmo que eu queira tentar. Contudo, serei honesta com você.
— Obrigado, America. Não posso descrever como é bom ouvir isso.
Caminhamos em silêncio por um tempo. Esses momentos não pareciam cansativos. Eu meio que gostei deles tanto quanto da conversa.
— Me desculpe por te chamar de Maxon. Eu apenas esqueci. Puxa, se Silvia me ouvisse, aposto que receberia uma bronca.
— Há! Talvez seja pior, com a Silvia. Ela esteve por aqui desde sempre. É a única que me ensinou. — Isso pareceu engraçado. A ideia de Maxon aprendendo boas maneiras à mesa, como eu, como se ele já não tivesse nascido com tudo, foi estranho. — Bem, o que acha de fazermos um acordo? Sempre que estivermos sozinhos, você pode me chamar de Maxon.
— Sério?
— Claro! É bom.
— Bem, essas outras garotas também não vão chamá-lo de Maxon? Qual será o nome que a sua esposa irá te chamar, então?
— Esperançosamente, ela me chamará de Maxon, Meu Amado Deus do Rock.
Eu me dobrei de rir.
— Deus do Rock? — botei para fora.
— Para a sua informação, eu sou. Eu não sou terrível com uma guitarra, muito obrigado. Meus tutores preferem que eu toque música clássica, claro.
— Isso é tão engraçado! Sinto muito. Apenas me pegou desprevenida.
— Eu terei que fazer isso mais vezes. Eu gosto da sua risada.
— Espere! Você disse que isso era parte do acordo. O que você quer em troca? — Puxei minhas mãos em torno de seu braço. Se fôssemos fazer um acordo, então eu tinha que parecer séria.
— Bem, eu também quero te chamar de algo. Você ainda é contrária a ser a Minha Querida?
— Sim! Muito! — Cruzei os braços, mas isso só o fez rir.
— Ok, vejamos, então. Qual é um bom apelido para você? America é um pouco grande. — Ele pensou por um momento. — E quanto a Amy?
— Você não está prestando atenção nas coisas? Já há uma Amy aqui — repreendi.
— Ah! Você tem que me dar um tempo. Há apenas um de mim e um monte de vocês. — Estava escuro demais para dizer se ele estava corando, mas ele parecia envergonhado.
— Eu sei o nome de todas.
— Claro que você sabe. — Seu tom implicava que ele não se surpreendia, no mínimo. — Ok, então. O que você acha de Meri?
Atingiu-me como um soco. Como o “Não” na casa da árvore tinha atingido. Senti como se tivesse recebido um soco ao ouvir esse apelido.
— Não. Não esse. — Minha voz estava fria, quase vazia.
— O que há de errado? O que eu disse? — Maxon parecia aterrorizado. Ele definitivamente precisava dessa competição para conseguir uma esposa. Estaria sem esperanças se estivesse por conta própria.
Ele tinha sido tão honesto comigo que escolhi ser sincera com ele.
— Ele costumava me chamar assim. Por favor, não...
— Oh, eu sinto muito. Claro que não. Você tem a minha palavra.
Nós dois ali, desconfortáveis, agora. Ele estava tentando ser brincalhão, mas tocou em um assunto que nos deixou com uma sensação estranha. Eu tive que pensar novamente sobre o que eu estava fazendo no palácio. E ele devia estar pensando no mesmo.
Com todo o trabalho que ele tinha a fazer, tantas garotas daqui estavam morrendo por seu carinho e atenção, ele não tinha tempo a perder comigo. Eu podia imaginar a decepção por ele ter perdido o jantar com todas elas hoje à noite para me conhecer melhor, a única garota que não importava.
— Sabe, eu aposto que iria fazer todas elas felizes se você aparecesse para a sobremesa. Elas provavelmente estariam aliviadas ao vê-lo.
Ele suspirou, consciente de que eu estava terminando a nossa noite juntos.
— Você provavelmente está certa. Muito obrigado por me fazer companhia esta noite. — Ele se inclinou para mim. Eu fiz uma reverência e disse:
— Vossa Majestade. — Sem encontrar seus olhos, levantei-me para sair. Eu só andei um pouco.
— America — ele chamou.
Parei, virando em sua direção. Eu estava absolutamente certa de que eu tinha abusado demais da sua bondade. Estava prestes a ir para casa.
— É Maxon, se você não se importa — ele sorriu.
Eu sorri. Surpreendi a mim mesma com o quanto eu estava feliz por ainda ter a sua amizade.
— Boa noite, Maxon — eu disse, e fui para o meu quarto.